‘‘Várias vezes transei com mulheres’’A atriz americana estrela Alexandre, fala das experiênciassexuais, diz que não nasceu para ser casada e que o filho Maddox, adotado no Camboja, pode ganhar um irmãoafricano ou uma irmã chinesa.
Rebelde, tatuada, excêntrica, agressiva. Todos os adjetivos usados para definir a atriz americana Angelina Jolie, 29 anos, caem por água abaixo quando se está diante da musa. Dona de uma beleza ainda maior do que as fotos e o cinema são capazes de mostrar, Angelina é simpática, doce e chega a passar um ar de ternura ao falar de certos assuntos. Sua rebeldia se resume a um discurso politicamente engajado e crítico quanto à atuação de seu país no Exterior. Protagonista do filme do diretor Oliver Stone, Alexandre, que estréia dia 24 de novembro nos EUA e em 14 de janeiro no Brasil, a atriz falou a GENTE sobre o trabalho e sobre sua vida pessoal.
Por que acha que foi escolhida para o papel de mãe do líder em Alexandre, já que é jovem e teve que ficar mais velha para fazer o papel? Por ser bonita e assim vender mais?
Tenho consciência de que isso tudo é um negócio. Quando apareço em capas de revista, estou maquiada, produzida. Não tenho obsessão pela perfeição. Acho que fui escolhida porque há uma essência dentro de mim que corresponde à da personagem, que tinha hábitos muito específicos. Ela levava uma vida caótica, criava cobras. Eu tive que aprender a não ter medo. Elas estavam por todos os lados, no chão, na cama, nas paredes. Quando Alexandre tem 6 anos, eu ponho uma cobra na cabeça dele para lhe ensinar a nunca ter medo de nada. Gosto de cobras, mas não de pegá-las e ficar com elas como a personagem fazia. Numa cena, uma delas me agarrou na perna, enquanto eu segurava outra com as mãos, e praticamente fiquei presa, paralisada e tive que fazer um diálogo de quatro páginas assim (risos).
Este filme te ensinou alguma coisa sobre você mesma?
A mãe de Alexandre é totalmente dedicada à família e dona de uma grande força interior. Uma força que todas nós mulheres podemos entender porque estamos sempre protegendo nossas famílias e lutando pelas nossas vidas. Foi interessante explorar essa força em mim.
E o processo de envelhecimento?
Quando o filme começa, Alexandre tem 6 anos. Ele cresce e fica com 19, e eu bem mais velha. Fiquei com os cabelos grisalhos, tive que mudar a voz e deixar que um peso grande caísse sobre as costas para mudar a postura. Uma mulher branca fica com a pele muito enrugada e as veias aparentes. Houve um trabalho grande para resolver isso. Quando me vi no espelho me senti mais mulher. Acho que vou curtir quando chegar nessa idade.
O fato de você ser mãe agora lhe ajudou na interpretação? (Angelina adotou uma criança do Camboja, Maddox, hoje com 3 anos)
Sim. Busquei a minha experiência pessoal para fazer esse papel.
Como o filme interferiu na sua vida?
Nós adoramos fazer o filme. Eu e Maddox tivemos que tirar 2 passaportes porque um ficou totalmente cheio e foi preciso outro para colocar tantos carimbos. Quase chegamos ao terceiro passaporte. Quando tínhamos folga (parte das filmagens foi no Marrocos), nós saíamos para viajar. Visitamos seis países, e acho que essa é a melhor forma de se criar uma criança. Ele adora viajar e gosta muito de avião.
Não é uma vida muito instável para uma criança?
Depende. Acho que realmente é importante que ele fique com os amigos, na escola e tenha estabilidade, mas acho também que seria importante para nós dois podermos passar uns 6 meses no Camboja para ele se familiarizar com o ambiente de seu próprio país.
Vai adotar outras crianças?
Sim, e talvez no próximo ano. Maddox quer ter um irmão e está aprendendo sobre diferentes cores de pele. Acho que esse irmão poderá ser da África e quem sabe uma irmãzinha da China.
Pretende ter um filho biológico?
Não, sinto que Maddox já é minha família.
É melhor para seu filho que você tenha uma vida de aventuras do que ser casada?
Eu não fui feita para ser casada. Fui feliz em meus casamentos com Billy (Bob Thornton, ator) e Jonny (Lee Miller, ator). Foram grandes relacionamentos e com eles aprendi muito, mas no momento estou voltada para outras coisas. O casamento tira a liberdade para fazer certas coisas.
Como faz para cuidar do filho e ao mesmo tempo tratar de sua vida sexual?Dá tempo para transar?
Claro que dá. Não tem problema algum. Tenho dois amantes – que são meus amigos há tempos. Não vou dizer os nomes. São meus parceiros sexuais, e a gente se dá muito bem. Nós vamos a um hotel, e duas horas depois estou a caminho de casa. Não tem complicação alguma.
E não há envolvimentos emocionais com estes dois amantes-amigos?
Não. Nos conhecemos há tempos e nos entendemos muito bem. Não existe ciúme ou qualquer intenção de um relacionamento mais compli-cado. Somos amigos, e nos damos bem sexualmente também. É só.
Cada um sabe do outro?
Acho que sim. Não importa. Não ficamos falando de nossas vidas sexuais. Preferimos viver a sexualidade, em vez de discuti-la. Não há interesse deles em saber com quem eu me deito.
Você transa com mulheres?
Eu adoro mulheres. Claro que sei como dar prazer a elas. Sei o que elas querem. Já transei com mulheres várias vezes. Se pintar a vontade, e as condições forem propícias, não tenho nenhum problema em transar com uma mulher. E acho que faço isso muito bem. Nenhuma reclamou.
Você já disse não ter paciência para os homens ocidentais. Por quê?
O que eu disse é que não tenho paciência para estes homens ocidentais que falam que não têm condições psicológicas para segurar a barra de sua família. E se afastam da família procurando algo egocêntrico. Como fez o meu pai (o ator John Voight). Nas minhas viagens à África, Afeganistão, Camboja, vi homens chorando porque não tinham como sustentar sua família. Vi homens desesperados para arranjar comida para a família que estava morrendo de fome. Vi homens entrarem em zonas de guerra para salvar suas famílias. Assim, não tenho paciência para homens que dizem não agüentar a pressão psicológica que suas famílias lhes impõem.
Você não fala com seu pai?
Não temos tido contato. Meu pai foi ausente de minha vida. E permanece. Faz muito tempo que não nos falamos.
Como ficou amiga dos ex-maridos?
Não mentimos um para o outro, ao contrário, conversamos muito. Eu e o Jonny fomos muito honestos nas nossas posições. Sobre o que não poderíamos mudar, não ficou raiva, só compreensão. Nunca nos magoamos, e o mesmo aconteceu entre mim e o Billy.
A cada filme ouvimos que você está saindo com o ator principal.
Estou sempre com todo mundo (risos). Às vezes minha mãe (a atriz francesa Marcheline Bertrand) me liga para saber se é verdade. Acontece porque sou solteira, é natural.
Incomoda-se quando seu filho percebe isso? Como o protege disso?
Morando na Europa (Angelina está morando em Londres). É a melhor coisa que faço para Maddox. Na França, é proibido publicar fotos de crianças nos jornais. Se eu morasse na Califórnia, ele seria muito mais badalado. Quando penso em levar Maddox para a Disney, tenho que aceitar o fato de ver a foto do meu filho no jornal. Então, para que ele tenha uma vida
normal, tenho que tirá-lo do foco.
O que gostaria que Maddox herdasse de você?
Gosto de fazer coisas para o mundo, de beneficiar os outros. Gostaria de ser exemplo nesse sentido. Gostaria de ver meu filho, aos sete anos, tendo compaixão, sendo generoso.
Você é embaixadora da ONU e viaja para países pobres. Sofre pelas crianças?
Não posso ter essa atitude. Não fico triste. Sinto raiva pelo desequilíbrio social e sei que as coisas poderiam ser resolvidas mais rapidamente. O Afeganistão espera dinheiro para reconstruir o país. Os Estados Unidos adiam esse dinheiro, mas gastam milhões de dólares por ano para manter os militares lá. Isso me faz sentir mal.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
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