segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Angelina Joie em entrevista a "Spiegel"

A estrela de Hollywood, Angelina Jolie, falou com a "Spiegel" sobre seus pareceres em misturar representação e política, sua 'nômade' vida com Brad Pitt e sobre seu novo filme "A Mighty Heart", em que ela interpreta a esposa do jornalista assassinado, Daniel Pearl.

SPIEGEL: Jolie em seu novo filme "A Mighty Heart" você interpreta a esposa do jornalista americano, Daniel Pearl, que foi sequestrado por fundamentalistas no Paquistão em 2002, e depois foi morto. Seu companheiro mais íntimo durante o filme é um telefone celular. Como você lida com isso como uma atriz?

JOLIE: Havia realmente algo estranho nisso porque Marianne Pearl não era nada sem o seu telefone. Isso era constante, todos os dias no set. Meu telefone era tão unido a mim que eu não o podia soltar. Um dia no set, o telefone tocou acidentalmente, alguém tinha ligado no número errado.

SPIEGEL: O telefone celular é uma ferramenta conveniente para canalizar emoções? No filme você manda uma mensagem de texto para Daniel Pearl, que estava desaparecido, todas as noites.

JOLIE: Eu penso que é como algo do nosso tempo, algo que as pessoas possam se relacionar.
SPIEGEL: E você manda muitas mensagens de texto?

JOLIE: Não, eu realmente não envio mensagens. Eu raramente levo o meu próprio celular. Eu ocasionalmente verifico as mensagens no final do dia, mas eu não o levo comigo.

SPIEGEL: Você disse uma vez em uma entrevista: "Eu nunca choro". No filme, Marianne Pearl chora apenas duas vezes - quando ela escuta pela primeira vez que seu marido foi assassinado, e quando ela dá à luz ao seu filho. Você pensa que chorar deve ser algo estritamente reservado apenas para questões de vida e morte?

JOLIE: Eu não chorei quando eu dei à luz. Eu estava gritando! Eu choro em outras partes do filme. Sou muito cuidadosa com minhas emoções, e eu não as deixo correrem livremente. Se eu estou pra baixo ou chateada é realmente por uma muito profunda e boa razão.

SPIEGEL: Há uma cena maravilhosa no filme onde você vai para uma espécie de quintal, e você está totalmente assustada sobre o que aconteceu. E então, você vê uma criança atrás de você. Você pára de chorar e tenta sorrir de modo que você não assuste a criança. Foi muito autêntico.

JOLIE: Para ser honesta, isso não era uma cena planejada. Apenas aconteceu, a garotinha morava na casa, e ela ia aonde ela queria quando estavámos filmando. E às vezes ela entrava e saía da cozinha. Eu não sabia quando ela estava do lado de fora da casa. Então eu caminhei para fora, e quanto me virei e me dei conta de que ela estava ali, eu me senti realmente mal porque eu a tinha assustado. Então isso foi somente uma reação natural e provavelmente algo que eu faria com meus próprios filhos.

SPIEGEL: Você viajou para vários países como Camboja, Serra Leoa e Paquistão como Embaixadora da Boa Vontade da ONU. Você frequentemente encarou situações em que você teve que controlar ou esconder suas emoções?

JOLIE: Sim, principalmente porque você não quer que eles saibam que você tem pena deles, porque assim eles irão se sentir ainda pior. Ou porque você também não quer que alguém veja seus medos. Se alguém como uma criança doente ou uma vítima de queimaduras vêem seu medo, elas reagem como você reage. E se você mostra isso para elas, isso se torna terrível, elas ficam tristes e aborrecidas. É algo que eu aprendi durante esses anos.

SPIEGEL: Quando você libera suas emoções que são reprimidas?

JOLIE: Eu choro secretamente. Eu realmente não choro na frente de qualquer pessoa. Como Brad irá te contar, eu odeio chorar. Eu tenho este jeito prático. Eu sinto como se não resolvesse nada. Mas quando eu perdi minha mãe, eu chorei, e chorei muito.

SPIEGEL: Então, ser mãe tornou você mais 'domestica'?

JOLIE: Não. As pessoas parecem pensar isso. Mas, sabe, eu estou interpretando uma assassina em um filme agora. Sou bastante forte. Isso me dá mais coragem para aprender sobre um tema ou quem sabe ir até Washington e tentar fazer algo para mudar alguma lei. Não te dá coragem beber muito e ser selvagem. Difícil é ter quatro filhos. Díficil é fazer com que sua vida seja disciplinada.

SPIEGEL: Todos os atores deveriam seguir seu exemplo e se tornarem envolvidos na política?

JOLIE: Eu necessariamente não penso que isso é um papel natural para um ator. Às vezes representação e política não fazem uma boa combinação. Penso que às vezes as pessoas pensam que meu trabalho na ONU não é tão sério pelo fato de eu ser uma atriz.

SPIEGEL: Em muitos países ocidentais as pessoas não confiam mais em políticos. As celebridades estão assumindo o papel desses líderes morais?

JOLIE: Eu realmente espero que não! Penso que nós devemos procurar grandes líderes nas pessoas que dedicaram sua vida à esses condições. E a realidade é que atores gastam uma grande parte de seu tempo fazendo filmes. E isso não quer dizer que eles não aprendam. Mas nós não fomos à faculdades de direito e nós não somos peritos em apólices. Somos pessoas justas com uma plataforma e uma opinião. Mas isso nunca deve ser suficiente, a meu ver, para ser um político.

SPIEGEL: Você pode se imaginar entrando na política?

JOLIE: Eu posso ser muito eficiente agora porque eu não sou democrata e também não sou repúblicana. Assim que eu não estou presa e não quero estar presa à nada, algo como algum eleitorado que eu teria que responder.

SPIEGEL: Atuar é parecido com a política neste aspecto?

JOLIE: Isto é interessante, há anos, quando líderes não podiam sondar as pessoas e têm pessoas analisando seus discursos para ver qual fala será a melhor, eles tomam algumas fortes decisões. Se eles sondaram, podem ter tomados decisões diferentes. E penso, infelizmente, que algumas coisas estão neste caminho. Porque nos filmes é feito o mesmo. Eles retiram uma conclusão porque alguém disse que não gostava e a conclusão original as vezes podia ser mais interessante, mas não era popular.

SPIEGEL: Você se sente enraízada em algum lugar em particular?

JOLIE: Penso que quando se tem filhos é bom ter um lugar em que eles sempre possam voltar, um lugar em que eles crescerão, mas eu nunca tive isso. Eu não sou unida a coisas e a lugares. Gosto de ficar em movimento. Mas nós sempre teremos uma base, de modo que as crianças tenham algo familiar a permanente.

SPIEGEL: Berlim será sua base? Há relatos que você comprou um apartamente na cidade.

JOLIE: Brad e eu amamos Berlim. Mas, agora, nós gostamos de fazer as malas e nos mudar. É uma vida nômade, e eu penso que isso é uma boa vida. Fico animada quanto pegamos nossos fillhos e os levamos a um novo país, sem procurar os confortos de um lar. Eles se misturam com o país. Quando estavámos na Índia, Maddox ia ao set de filmagens e brincava com as crianças indianas. Algumas delas não podiam entender sua linguagem, mas ele não se importava. Quando fomos à Namíbia nós brincávamos com as crianças de Bushman. Mande-os para qualquer lugar do mundo que eles não ficaram assustados. Eles apenas sentirão que poderão fazer amigos ali.

SPIEGEL: Ter filhos mudou muito o modo em que você vê o mundo?

JOLIE: Crianças ensinam muito. Você tem um outro modo de olhar a vida quando você tem um filho. Tudo é novo outra vez para você. E eles são as pessoinhas mais engraçadas que eu encontrei na minha vida.

SPIEGEL: Não é Brad?

JOLIE: Não, ele é de outra forma.

SPIEGEL: Você e Brad conversam sobre trabalho? Vocês se influenciam na decisões um do outro?

JOLIE: Nós realmente nunca discutimos sobre o trabalho um do outro, mas nos encorajamos para que possamos fazer o certo. Às vezes nós pensamos que o outro fez uma escolha ridícula, mas não importa. O centro de nossas vidas é o nosso lar e os nosso filhos. Tentamos aprender sobre os problemas globais e políticas juntos. É a única coisa que discutimos. Brad está realmente focado em sua companhia de produção e em filmes, mas nós dois planejamos trabalhar menos nessa área nos próximos anos.

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